A
escola de Oz
Neste dia nossas mentes se voltaram para a conhecida obra de Lyman Frank Bauman criador de “O mágico de Oz”. Sim, através dessa literatura escrita a mais de cem anos – onde a trajetória de uma menina de doze anos, Dorothy Gale, que vive com a sua família em uma fazenda no Kansas. Após ter sido golpeda na cabeça e perder os sentidos no momento em que um tornado levanta sua casa para o céu, ela e seu cão Toto (ou Chowchow, ouvi na leitura no dia) acordam na terra mágica de Oz. Lá a Bruxa Boa do Norte aconselha Dorothy a seguir a estrada de tijolos amarelos para encontrar a Cidade de Esmeralda onde habita o Mágico de Oz que lhe ajudará a retornar a Kansas. No caminho encontra o Espantalho, o Homem de Lata e o Leão que se reúnem na esperança de conseguirem o que acha que lhes falta – respectivamente um cérebro, um coração e coragem. Tudo isso enfrentando a Bruxa Má do Oeste que quer os sapatos de cristal mágicos de Dorothy dados pela Bruxa Boa.
E assim começou nossa estrada de tijolos amarelos (caminho que Dorothy percorre). Em sala, um número significativo (em torno de cinquenta alunos aderiram livremente a oficina). Nos utilizando dos personagens que aparecem ao longo da história como analogia a três visões filosóficas de reconstrução, trazendo teorias de Descartes para o espantalho que venera a racionalidade, Nietzsche para o homem de lata que quer ter um coração e Sartre em relação ao Leão - que procura a coragem.
Assim
que foram divididos os grupos, por livre iniciativa, e com o auxilio dos/das
“Dorothys” (pibidianos), lia-se cada perfil em grupo e se discutia a relação do personagem com o filósofo/teoria
para argumentar em seguida no grande grupo. Assim tivemos:
No
grupo representando o Espantalho argumentaram sobre a busca por um “cérebro”
para tornar-se um humano. Ele tinha orgulho, pois se sentia útil, garantindo a
colheita, até que um corvo pousa em seu ombro e diz que ele não é um homem. Nesse
sentido para eles o mais importante para um indivíduo é ter um cérebro, que
raciocina e que decide o que é melhor ponderando eticamente, do que um coração
que pode fazer escolhas tendenciosas, embasadas por sentimentos (ternura,
raiva).
Contaram também com o auxilio de dos
argumentos de Descartes e sua famosa frase “Cogito
ergo Sun” (Penso logo existo).
Na sequência, os homens de Lata, que buscam um
coração: Na história ele era um apaixonado que se declara (em off, “não tenho
carro, não tenho teto e se ficar comigo é por que gosta”), todavia sua amada
lança um SQN (só que não - gíria) - ela queria uma casa. Dessa forma foi ele
fazer o que sabia, cortar árvores, porém por causa de um feitiço em seu machado
(pela bruxa do Leste), a cada vez ele era mutilado – primeiro a perna trocada
no ferreiro por uma de lata, também com outras partes...até perder o coração (e
assim o amor pela garota). A metáfora
foi apresentada com uma pequena esquete; as reflexões foram além do obvio e
perguntas do tipo: Por que não parou de trabalhar? Era necessário tudo isso? Ele
perdeu o amor, por amor? Feita alusão ao que acontece conosco, vamos nos
tornando homens de lata; como no filme de Chaplin nos Tempos modernos, deixamos de ser de carne e osso e nos tornamos uma
engrenagem. Com a reflexão de Nietzsche – “Repara que o outono
é mais estação da alma do que da natureza”.
Por fim o grupo maior, do Leão,
que busca a coragem. Sempre tentando fugir da responsabilidade de escolher, de
se posicionar frente a uma situação. Filosoficamente ter coragem é a realização
livre e autentica de uma vontade, estando seguro de si, fazendo algo assumindo
seus riscos por completo.
Embasados
com o auxilio de Sartre - "O importante não é o que fazemos de nós, mas
o que nós fazemos daquilo que fazem de nós."
A
oficina foi muito interessante, sem dúvidas a sensibilização com o Mágico de
Oz, história próxima, conhecida e fácil, que abre um leque de questionamentos e
metáforas que podem ser pensados de modo racional e ético. A conclusão dos
grupos e no geral foi que não adianta ter apenas um cérebro, ou coração, ou
coragem - a busca ao fim da estrada amarela - na reconstrução de nós mesmos - é
que é preciso um pouco de cada uma dessas qualidades, ou seja a razão, a emoção
e a liberdade. A exemplo de algo já discutido em outro momento (acerca do escolher,
decidir e agir):
Como escolher de forma
sábia?
Como decidir de modo que não
me arrependa depois?
Como agir na vida pessoal e
social?
- O mágico de OZ; 1939.
- Oz: Mágico e Poderoso; 2013.
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