O NASCIMENTO DA FILOSOFIA
O ser
humano, por volta do século V
antes de Cristo, na Grécia
Antiga, começou a trilhar um
caminho sem volta, pois, a partir daí, a razão
se tornou o critério central e norteador na
construção da civilização, com seus
acerto e erros. Bem entendido.
A filosofia é
o nome dessa via que levou os homens a
abandonarem as explicações míticas
para seus desafios existenciais e a apostar
na razão para a explicação causal do
mundo.
Filosofia
é uma palavra que vem da língua
grega e significa, literalmente,“amigo ou
amizade ao saber” (Filos = amigo e
sofia = sabedoria). Um dos motivos que
pode explicar o nascimento do “amor ao
saber” na Grécia é: esse era um povo
muito dedicado ao comércio marítimo e as
navegações, por ser um arquipélago,
sobretudo. Seu terreno montanhoso
também dificultava a agricultura.
O
comércio exigiu que os gregos conhecessem
outras línguas; além disso
para
desenvolver sua atividade econômica
precisavam de segurança jurídica, dessa
forma pensaram criticamente sobre
questões de ética, política e direito.
Em
contato com outros povos, conheceram
outras religiões e se depararam com diferentes
concepções de tempo, o que os impulsionou
a refletir sobre a natureza do tempo.
Enfim, mais do que um “milagre
grego”, a filosofia foi uma necessidade de
sobrevivência num mundo que exigia
cada vez mais respostas complexas aos desafios
que a história impunha a esse
povo.
Dessa
forma, o comércio marítimo permitiu
que os helenos entrassem em contato
com outras culturas e povos. Com esse
intercâmbio foram aprimorando seu
desenvolvimento sócio-cultural que
culminou no surgimento
da filosofia com
os pensadores
Pré-Socráticos. O pensamento
grego antigo é
dividido, assim, em duas
fases e tem em
Sócrates (469 a.C. - 399 a.C.) o seu grande
divisor. Portanto, os filósofos anteriores
a Sócrates são denominados de Pré-Socráticos
e os posteriores, de Pós-Socráticos.
Os
pensadores Pré-Socráticos são conhecidos
como pensadores físicos ou naturalistas,
pois a questão principal de sua filosofia
era saber de que são feitas as coisas do
universo, ou seja, qual a essência do que
forma o mundo? E respondiam a essa
questão através dos elementos fundamentais
da natureza que, para eles, constituíam
o universo.
O
filósofo Tales da cidade de Mileto na Grécia
defendia que o elemento primordial
do universo era a água. Heráclito da
cidade de Abdera atribuía ao fogo tudo o
que existia. Assim, temos que a filosofia
tem desde seus primórdios uma origem
muito próxima com a natureza e o pensar
sobre a natureza.
Mas o
pensamento na polis (cidade grega)
não se limitou a pensar sobre a arque (o
início das coisas). Sócrates representa uma
virada na história da filosofia porque
faz do homem e dos problemas humanos o
centro angular de seu pensar. Na
frase “sei que nada sei”, Sócrates sintetiza
que o conhecimento humano é uma busca
constante, ou seja,
que há muito mais para
ser conhecido e
descoberto do que até
agora foi conquistado.
Sócrates
foi um pensador,
essencialmente, político. Não deixou
nada escrito. A maior parte do que
sabemos sobre ele e de suas ideias nos foi
legado pelo seu discípulo mais inteligente
– Platão. Nos Diálogos de Platão
encontramos Sócrates debatendo as grandes
questões que agitavam o mundo grego e
que são, ainda, atuais em nosso tempo -
como a questão sobre o que é a justiça
ou a relação entre conhecimento e virtude.
Mas, como muitos dos grandes homens da
história, Sócrates também encontrou
uma oposição forte e sistemática em
seu mundo. Ele foi acusado de dois
crimes: corromper a juventude de seu tempo
e negar os deuses oficiais da religião
do estado. Depois de processado, foi
condenada à morte. Sua pena: beber cicuta
(um veneno mortal).
Autor: Dr. Luis Fernando Biasoli
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