quinta-feira, 13 de outubro de 2016




                   O NASCIMENTO DA FILOSOFIA
    
      O ser humano, por volta do século V antes de Cristo, na Grécia Antiga, começou a trilhar um caminho sem volta, pois, a partir daí, a razão se tornou o critério central e norteador na construção da civilização, com seus acerto e erros. Bem entendido.
    A filosofia é o nome dessa via que levou os homens a abandonarem as explicações míticas para seus desafios existenciais e a apostar na razão para a explicação causal do mundo.
  Filosofia é uma palavra que vem da língua grega e significa, literalmente,“amigo ou amizade ao saber” (Filos = amigo e sofia = sabedoria). Um dos motivos que pode explicar o nascimento do “amor ao saber” na Grécia é: esse era um povo muito dedicado ao comércio marítimo e as navegações, por ser um arquipélago, sobretudo. Seu terreno montanhoso também dificultava a agricultura.
     O comércio exigiu que os gregos conhecessem outras línguas; além disso
para desenvolver sua atividade econômica precisavam de segurança jurídica, dessa forma pensaram criticamente sobre questões de ética, política e direito.
   Em contato com outros povos, conheceram outras religiões e se depararam com diferentes concepções de tempo, o que os impulsionou a refletir sobre a natureza do tempo. Enfim, mais do que um “milagre grego”, a filosofia foi uma necessidade de sobrevivência num mundo que exigia cada vez mais respostas complexas aos desafios que a história impunha a esse povo.
      Dessa forma, o comércio marítimo permitiu que os helenos entrassem em contato com outras culturas e povos. Com esse intercâmbio foram aprimorando seu desenvolvimento sócio-cultural que culminou no surgimento da filosofia com os pensadores Pré-Socráticos. O pensamento grego antigo é dividido, assim, em duas fases e tem em Sócrates (469 a.C. - 399 a.C.) o seu grande divisor. Portanto, os filósofos anteriores a Sócrates são denominados de Pré-Socráticos e os posteriores, de Pós-Socráticos.
        Os pensadores Pré-Socráticos são conhecidos como pensadores físicos ou naturalistas, pois a questão principal de sua filosofia era saber de que são feitas as coisas do universo, ou seja, qual a essência do que forma o mundo? E respondiam a essa questão através dos elementos fundamentais da natureza que, para eles, constituíam o universo.
     O filósofo Tales da cidade de Mileto na Grécia defendia que o elemento primordial do universo era a água. Heráclito da cidade de Abdera atribuía ao fogo tudo o que existia. Assim, temos que a filosofia tem desde seus primórdios uma origem muito próxima com a natureza e o pensar sobre a natureza.
      Mas o pensamento na polis (cidade grega) não se limitou a pensar sobre a arque (o início das coisas). Sócrates representa uma virada na história da filosofia porque faz do homem e dos problemas humanos o centro angular de seu pensar. Na frase “sei que nada sei”, Sócrates sintetiza que o conhecimento humano é uma busca constante, ou seja, que há muito mais para ser conhecido e descoberto do que até agora foi conquistado.
      Sócrates foi um pensador, essencialmente, político. Não deixou nada escrito. A maior parte do que sabemos sobre ele e de suas ideias nos foi legado pelo seu discípulo mais inteligente – Platão. Nos Diálogos de Platão encontramos Sócrates debatendo as grandes questões que agitavam o mundo grego e que são, ainda, atuais em nosso tempo - como a questão sobre o que é a justiça ou a relação entre conhecimento e virtude. 
     Mas, como muitos dos grandes homens da história, Sócrates também encontrou uma oposição forte e sistemática em seu mundo. Ele foi acusado de dois crimes: corromper a juventude de seu tempo e negar os deuses oficiais da religião do estado. Depois de processado, foi condenada à morte. Sua pena: beber cicuta (um veneno mortal).

Autor: Dr. Luis Fernando Biasoli 

Nenhum comentário:

Postar um comentário