O Direito Sobre o Corpo:
Deliberações Éticas Entre a Vida e a Morte
Plano de Unidade de Aprendizagem
Disciplina: Filosofia
Monitores Pibidianos¹: Fernando Lopes; Lucas Adriano dos Santos e
Ricardo Endrizzi
Nível de Ensino: Médio
Série: A atividade foi planejada pensando em uma turma de 2º ano, pois o
assunto tratado é referente a dilemas éticos relacionados a bioética
Problema: Se o corpo é algo inviolável, poderíamos justificar sua adulteração sem
permissão, baseados apenas em salvar uma vida, desconsiderando total ou
parcial, a autonomia do indivíduo?
Tema da unidade: Ética, Bioética, Tomadas de Decisão,
Empatia, Moral.
Período de execução do plano: dois períodos de cinquenta minutos
Objetivo geral: Possibilitar que o aluno entenda a
intensidade dos efeitos de nossas ações no contexto prático, considerando as
interferências subjetivas da interpretação de mundo do outro, tanto em seu
âmbito coletivo, quanto particular, justificando o motivo pelo qual tomamos
determinada decisão e não outra.
Conteúdos constituidores da
aprendizagem:
Ética;
Liberdade;
Moral;
Empatia;
Autonomia;
Bioética;
Alteridade;
¹ Bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) pela CAPES e Acadêmicos do Curso de Licenciatura Plena em Filosofia pela Universidade de Caxias do Sul, Junho/2014.
Sinopse do Filme Utilizado: Sara (Cameron Diaz) e Brian Fitzgerald (Jason Patric) são informados que
Kate (Sofia Vassilieva), sua filha, tem leucemia e possui poucos anos de vida.
O médico sugere aos pais que tentem um procedimento médico ortodoxo, gerando um
filho de proveta que seja um doador compatível com Kate. Disposto a tudo para
salvar a filha, eles aceitam a proposta. Assim nasce Anna (Abigail Breslin),
que logo ao nascer doa sangue de seu cordão umbilical para a irmã. Anos depois,
os médicos decidem fazer um transplante de medula de Anna para Kate. Ao atingir
11 anos, Anna precisa doar um rim para a irmã. Cansada dos procedimentos
médicos aos quais é submetida, ela decide enfrentar os pais e lutar na justiça
por emancipação médica, de forma a que tenha direito a decidir o que fazer com
seu corpo. Para defendê-la ela contrata Campbell Alexander (Alec Baldwin), um advogado que cuidará de seus interesses. (Disponível em:
<http://goo.gl/EIovLI>. Acesso em: 21 jun.
2014.)
Metodologia: A oficina foi elaborada de maneira que os alunos possam
desenvolver o senso crítico em relação a tomadas de decisões e suas possíveis
implicações éticas no contexto da bioética. O plano de aula contemplará
momentos de sensibilização, problematização, investigação e posteriormente
conceituação. No primeiro momento da aula será apresentado uma passagem do
livro “O Dilema de Eistein” onde os alunos poderão encontrar um questionamento
sobre a autonomia do indivíduo em relação a seu corpo descrito em uma situação
hipotética. Após essa leitura serão apresentadas cenas do filme “Uma Prova de
Amor” que selecionamos para continuidade do momento de sensibilização e
problematização.
Ao
decorrer da oficina o aluno é instigado a posicionar-se frente a dilemas Éticos
(através da leitura do trecho do livro e das cenas do filme), para que exercite
competências necessárias ao filosofar, privilegiando sempre o diálogo de forma
que o aluno possa elaborar significativamente reflexões em torno de questões de
bioética.
No
momento seguinte da oficina os alunos serão convidados a participarem de uma
dinâmica estruturada de acordo com as situações apresentadas no filme; onde a
proposta é de que possam argumentar em um júri simulado. O objetivo de
utilizarmos a simulação do juri será o de que os alunos possam participar
ativamente da oficina posicionando-se oralmente e defendendo seu ponto de vista,
ou ponto de vista do seu grupo considerando o dilema presente no filme. Após a
simulação do júri, encaminharemos o momento final da oficina onde cada aluno
sorteará um pergunta relacionada com as situações trabalhadas na oficina e
deverá produzir um texto argumentando seu posicionamento para a pergunta
sorteada.
Condução das
atividades em aula: No
início da oficina, os mediadores Pibidianos se apresentarão em 5 minutos, logo
depois lerão um texto trazido do livro o Dilema de Einsten, que apresenta
uma situação hipotética com o seguinte título: “Afinal de Contas, Esse Corpo é
de Quem? onde ocuparemos 5 minutos de leitura. Após esse primeiro movimento
entraremos com cenas do filme (Uma Prova de Amor), pois a sensibilização se constituirá
em dois momentos: um teórico e outro com recursos audio-visuais (O audio visual
consumirá em torno de 15 minutos, utilizando as seguintes ferramentas digitais:
Notebooks e Data Show). Na sequência traremos o júri simulado, onde será
desenvolvido uma espécie de júri, como em um tribunal; os alunos poderão ter
momentos tanto de prática quanto teórica, enriquecendo-os, pois não agirão no
campo abstrato, farão mais que isso, trarão a abstração para a objetivação e,
na dinâmica se diluirão. Esse exercício terá uma duração em média de 50
minutos. Feito o júri, trabalharemos com outra dinâmica que comporá a folha de
respostas, nesta dinâmica colocaremos diversas questões bioéticas em uma caixa,
passando-a para todos, a fim de que cada aluno retire uma questão de dentro
para que está seja respondida logo em seguida, (tempo estimado, 10
minutos para elaboração). Essa pergunta, como mencionamos, será a pergunta que
cada aluno deverá responder na folha de respostas através da produção escrita.
A atividade escrita encerra a oficina considerando os últimos 15 minutos das
atividades.
Lista de materiais de expediente utilizados:
1 Projetor;
1 Notebook;
40 Impressões
(fotocópias) do livro “O Dilema de Einstein”;
20 Impressões das
perguntas para os alunos (serão duas perguntas em cada folha);
1 Caixa para
sortear as perguntas;
Transposição didática do problema proposto:
Pergunta base: Se
o corpo é algo inviolável, poderíamos justificar sua adulteração sem permissão,
baseados apenas em salvar uma vida, desconsiderando total ou parcial, a
autonomia do indivíduo?
Perguntas
norteadoras para material de preenchimento da atividade do dia 24/06/2014:
# Pergunta (R): É justo
vitimar a vida de um filho em beneficio do outro?
# Pergunta (R): O que você
acha da atitude da Anna (doadora) por entrar na justiça contra os próprios
pais? E por se negar a doar o rim? O que você faria no lugar dela (Anna)?
# Pergunta (R): Como você
vê a atitude dos pais (em especial da mãe) por tratar a Anna (doadora) como uma
“coisa|objeto” obrigando-a a fazer os transplantes? Como você agiria a isso?
# Pergunta (R): Anna
teve que entrar na justiça para ser ouvida e reivindicar a autonomia de uso do
próprio corpo, de modo a repudiar quaisquer intervenções contrárias a sua
vontade. Nesse caso a quem cabe decidir sobre a questão? Pode Anna passar por
cima da vontade da família?
# Pergunta (R): No filme
vimos que Anna teve que entrar na justiça para ser ouvida e reivindicar a
autonomia de uso do próprio corpo, de modo a repudiar quaisquer intervenções
contrárias a sua vontade. Será que acontecem situações parecidas, no dia a dia
- na vida real? Se fosse com você, ou com um amigo, o que faria?
# Pergunta (R): Digamos
que existe uma pessoa que precisa de um rim e SOMENTE você pode doar. Você
doaria? Faça uma escala de um a dez (1 a 10) de prioridades para doação:
( ) Uma pessoa que está na fila de espera e aguarda há cinco
anos;
( ) Uma criança de 6 meses;
( ) Uma idosa;
( ) O dono da empresa onde seus pais ou você trabalha;
( ) Um milionário;
( ) Um mendigo;
( ) Um amigo ou parente;
( ) Não importa para quem! Porque doar faz bem!
( ) Não doaria.
( ) Outro__________________________________________________
Justifique o Top Five (cinco primeiros lugares) e comente por
quê as outras não são prioritárias?! Boa reflexão!!!
#
Pergunta (L): Se a vida do outro depende da minha existência, ou de
compatibilidades biológicas presentes apenas em meu corpo, torna-se meu dever
salvar-lhe a vida (doar um órgão, por exemplo)? Por quê?
#
Pergunta (L): O direito de viver de um indivíduo doente é mais importante que o
direito a integridade física de outro que é saudável?
#
Pergunta (L): Se você estivesse no lugar de Sara (a mãe de Kate e Anna), que
argumentos utilizaria para defender-se das acusações que sua filha fez perante
o juiz?
#
Pergunta (L): A felicidade de um grande número de pessoas (família de Kate ou
os fãs do jogador de futebol) é mais importante que os direitos de uma só
pessoa (Anna ou Edison Tomás)? Por quê?
#
Pergunta (L): Os pais de Anna mentiram para ela durante muito tempo sobre suas
constantes idas ao hospital. Você acha que neste caso é justo continuar
mentindo para Anna a fim de tentar salvar a vida de Kate? Por quê?
#
Pergunta (L): Você aceitaria o caso de Anna como advogado? Que argumentos
utilizaria para defendê-la perante o juíz?
#
Pergunta (F): É justificável sacrificar a vida de um em detrimento de muitos?
#
Pergunta (F): Você aceitaria a atitude dos pais de Anna e Kate ao planejarem a
concepção de um embrião geneticamente manipulado para ter órgãos compatíveis
com a necessidade clínica de Kate?
#
Pergunta (F): Se você estivesse com uma doença grave como a de Kate, aceitaria
a possibilidade de ter um irmão como Anna? Você aceitaria receber uma “doação
forçada” para salvar sua própria vida?
#
Pergunta (F): Se você fosse o pai (Brian) como agiria frente a esposa
(Sara)? Você apoiaria a decisão de Sara de criar um filho para salvar outro
desconsiderando a autonomia desse filho (Anna)?
#
Pergunta (F): Se você fosse o médico responsável pelas intervenções,
ouviria a opinião de Anna? No caso sendo a opinião da “doadora” de não querer
fazer os procedimentos, você iria contra a família?
#
Pergunta (F): Anna embora seja menor de idade possui a capacidade de
reivindicar a autonomia de uso do próprio corpo na justiça. Se você fosse o
juiz consideraria “abusiva” a atuação médica, uma vez que faziam os
procedimentos contra a vontade de Anna - sem consultá-la - (inclusive tendo que
segurá-la em alguns momentos)?
#
Pergunta (F): No filme vimos que Anna teve que
entrar na justiça para ser ouvida e reivindicar a autonomia de uso do próprio
corpo, de modo a repudiar quaisquer intervenções contrárias a sua vontade. Você
acha justo que o estado e ou família decidam acerca disso?
Dinâmica de júri simulado: Júri simulado, como o nome diz, é a simulação de um
tribunal judiciário, em que os participantes têm funções predeterminadas. Nele
formam-se três grupos: dois grupos de debatedores (com mesmo número de pessoas
- sendo um de defesa e outro de acusação - composto pelos alunos) e uma equipe
responsável pelo veredicto (jurados - composto pelos Prof. presentes e
monitores Pibidianos).
O
papel do professor é o de coordenar a prática, delimitando o tempo (cerca de
quatro minutos) para cada grupo defender sua tese e atacar a tese defendida
pelo grupo oponente.
O
processo inicia com o lançamento do tema que será o dilema ético apresentado no
filme sobre autonomia e integridade física da personagem Anna perante a escolha
de seus pais em salvar sua irmã, Kate, através de uma doação de órgãos sem que
haja o consentimento de Anna.
Os
alunos se preparam previamente para defender o tema com argumentos
convincentes. O tempo inicial para que os alunos socializem suas informações no
grupo, antes do início do debate será de dez minutos. A partir daí, cada grupo
lança a sua tese inicial, defendendo seu ponto de vista na medida em que surjam
réplicas e tréplicas e assim por diante.
Fica
livre para que tenham os personagens do filme no júri, ex. a mãe - Sara; a
filha doadora, Anna; a filha com câncer, Kate; o pai, Brian; o advogado de
Anna, Campbell Alexander; o
irmão, Jesse.
Os
juízes e jurados também pode lançar perguntas que motivem o debate, evitando
fornecer respostas ou apoiar alguma das posições.
Por
fim, cada grupo tem um tempo para suas considerações finais (o juiz passa o
direito de palavra para a defesa e depois para a acusação).
O
júri popular, então, reúne-se para socializar seus apontamentos, feitos ao
longo da atividade, e decretar o veredicto de acordo com a contundência dos
argumentos apontados em cada grupo da turma.
REFERÊNCIAS
UMA PROVA de
Amor (My Sister's Keeper). Direção de Nick Cassavetes. Produção de Mark
Johnson. Nova Iorque: New Line Cinema, 2009. Son., color.
STRANGROOM,
Jeremy. O Dilema de Einstein. São Paulo: Marco Zero, 2012.
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