segunda-feira, 17 de abril de 2017

A formação humana por uma via filosófica: um caos ordenado?

O único bem é o bem moral, logo, aquilo que deriva de uma deliberação humana pela via racional, através da sabedoria e/ou da virtude. Para o estoicismo a razão é uma faculdade superior em detrimento das paixões, dos prazeres efêmeros/corporais. Se abster de certas volúpias é dar mostras de superioridade, de elevação, uma vez que o supérfluo está ao nosso alcance facilmente.                                                                                                                        
A virtude, por sua vez, requer esforço e esmero. Não é algo que obtém a priori. Sendo a filosofia uma amiga da sabedoria esta pode auxiliar em tal tarefa. Nesse sentido, a virtude, a razão, a sabedoria, a filosofia são atividades fundamentais da formação humana. Cada qual a seu modo e tempo. A técnica é outra ferramenta que está ligada a esta formação, não obstante, é de caráter diferente das anteriores, pois, se efetiva num nível mais prático, tendo uma finalidade mais imediata e utilitária. Desse modo, está ligada a resolução de problemas repentinos de tal modo que não necessita de grandes reflexões éticas e morais. Construir uma ferramenta para um trabalho especifico pode ser exemplo disso.                                                                                  
Não obstante, quanto aos demais aspectos a questão se complexifica. Em virtude de estarmos tratando de preceitos morais da formação humana. Tudo quanto envolve uma ação coletiva tende a gerar discussão. Sêneca irá efetuar certas distinções quanto à gradação sobre a posição da virtude em detrimento da sabedoria, por exemplo. Se estas seriam equivalentes ou não, de forma a especificar suas diferenças. Não temos esta pretensão, em que pese nossa linha de investigação possui um caráter mais geral. Desse modo, buscando os principais aspectos que corroboram para a formação humana. Contudo, um trabalho a longo prazo exige maior especificidade, tendo em vista firmeza não posição teórica adotada por meio da completude do tema.                                                                                                                         
A razão é uma espécie de fundamento geral; a virtude é a faculdade da constância; a sabedoria é o deliberar com perfeição; cabe ressaltar que uma função não omite a outra, posto que elas se harmonizam. Nesse âmbito uma decisão jamais é unívoca, por envolver, se não todas, a maioria dessas atividades humanas, a saber, a virtude, a razão, a sabedoria, a técnica, a filosofia. O que ocorre sim é a sobreposição de algum preceito em relação a outro.                       
Nesse sentido posso ser exímio numa técnica agrícola, como o plantio de trigo e sua produção, de forma a controlar as pragas, colocar a quantidade certa de adubo, regular o número de sementes por espaço, e por ai segue. No entanto, quanto e elementos sábios e virtuosos têm a chance de ser um depravado. Isso mostra que as funções humanas mesmo que contíguas, também se afastam caso não haja boa deliberação pelo sujeito. Tentar utilizar de todas as faculdades e habilidades humanas é de antemão uma possibilidade de sucesso.                     
O que a fortuna tem de interferência nisso? O acaso promove a possibilidade de escolha por vários caminhos, ao passo que a escolha primeira é de caráter individual, o que não necessariamente ocorre com a cadeia de causas emergentes a partir daí, visto que envolve outros sujeitos e fatores contingentes. Como e de que forma agir dando-se conta disso não é tarefa simples em virtude de envolver deliberação e assunção por vezes simultâneas. Ser artista de si implica em se constituir nesse caos ordenado.

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