domingo, 7 de maio de 2017

Etapa pré-olímpica PIBID UFRGS: Ensino de Filosofia e a oficina sobre ancestralidade

              Essa oficina ocorreu na Escola Estadual Lidovino Fantón, localizada num bairro de periferia em Porto Alegre. Nesse sentido a realidade contextual do ambiente vivenciado é de certa disparidade econômica, social e cultural no que tange uma relação a outras partes da cidade mais elitizadas. Percebeu-se no discurso dos estudantes durante a oficina essa preocupação com sua realidade, pois, com efeito, essa ambiente é comumente visto como problemático perante a sociedade. Isso se justifica pelas drogas, roubos, situação econômica difícil. Em virtude disso a linha argumentativa da professora que ministrou oficina foi algo mais ligado a dualidade opressor e oprimido, tendo em vista indagar sobre o que o segundo grupo faz para sair de tal quadro, já que o considera problemática.                
            Foram usados recursos metodológicos como vídeos, imagens, um semicírculo, bastante diálogo-exposição, música. Uma crítica póstuma a ser feita aos professores da escola que participaram da oficina foi de que eles intervieram na discussão muitas vezes, por meio de argumentos muitos elaborados para o entendimento dos estudantes. Isso se tornou um problema pelo fato de que o público alvo eram os estudantes, sendo que tal atitude gerou inibição nos mesmos. Percebeu-se que se os professores estão argumentando de tal modo, como eles sendo meros estudantes poderiam se expressar de outra forma, quiçá mais produtiva e reflexiva.  Embora, a oficineira tenha tentado clarificar as questões e torná-las mais inteligíveis aos presentes. Ocorrendo uma espécie de tradução.                                      
               “Tudo tem história. Nós somos seres históricos”. Esta foi uma frase dita pela condutora da oficina no meio de sua apresentação, além de ter sido o aspecto principal de sua linha de argumentação e condução das dinâmicas. Isso nos instiga a indagar o que o homem é o homem; como funciona a relação agir-pensar nesse ser; negando a ideia de uma história estática, por meio de uma natureza imutável no que tange a ser dada a priori. Ao invés disso o que temos é a ênfase na alteridade, também na cultura como fator de diferenciação entre as pessoas e sociedades. O cuidado em entender a forma como se estabeleceu a alteridade, ou a falta dela, historicamente visando demonstrar aos estudantes que o outro tem de ser respeito em suas subjetividades foi ressaltado também. Dessa forma, a verdade é muito mais histórica e contingente, do que algo que se estabeleceu de forma pronta. Num sentido além tal argumento pretendeu estimular os estudantes a questionarem suas realidades.                           
                O tipo de vida que levam a maioria dos estudantes, por estar ligado a uma situação econômica difícil pode ser transformado, sendo que está carregado de diversos tipos de violência simbólica, física, cultural? Todas as indagações culminaram para esse rumo de investigação. Embora, não através de uma pergunta tão incisiva como essa. Podemos pensar sobre a natureza humana também, sendo ela boa ou mal, constituída ou já destinada?              
              A alteridade não teve uma explicação densa, ate pelo nível de estudo dos estudantes. No entanto, a ideia de outro e a decorrente preocupação com ele, apareceu na problematização. Excepcionalmente quando a professora utilizou algumas formatações diferentes do mapa mundo, uma vez que indagou se existe apenas uma forma de interpretar as coisas, se aquela formatação não poderia ser algo eurocêntrico. Nesse sentido, a colonização e a posterior exploração dos povos latino-americanos foram pormenorizadas, mediante elementos ligados a riqueza que foi retirada das Américas; o enriquecimento da Europa; a exploração do trabalho indígena; as diversas mortes nas guerras de conquista; se tornaram linhas de raciocínio para pensar que a história das Américas, por exemplo, ocorreu de uma certa forma, e por isso hoje temos várias coisas que são da forma que se apresentam. Logo, não se trata de atraso mental. A alteridade foi um aspecto pouco presente nesse contexto, pois, com efeito, houve muito pré-conceito, inferiorização do outro, negação de gênero/sexualidade, subjugação da diversidade.                                                                            
                Em suma, a dualidade do trabalho da professora recaiu sobre o fazer e o pré-dado. O que não se muda, e o que pode ser transformado através da ação e pensando humano. Nesse sentido é possível uma ambivalência entre o material e o imaterial? Como ficam os sentimentos, a vida, num mundo tomado pela ênfase exacerbada no dinheiro? A vida que vale a pensa ser vivida, que é digna possui formula exata? A cultura tem veio de ser fator importante na constituição do caráter, da personalidade? Através da recorrência aos nossos ancestrais, efetuando um percurso histórico até a atualidade e uma aproximação com a realidade dos estudantes da escola da restinga se efetuou a oficina.



Essas são fotos da oficina que ocorreu na escola Lidovino Fantón no sábado dia 05/05/2017.

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