terça-feira, 4 de abril de 2017

PROJETO LITERÁRIO


Neste começo de ano o grupo PIBID UCS de filosofia já definiu algumas atividades para serem desenvolvidas ao longo do ano. Uma delas, a ser desenvolvida com as turmas de terceiros anos do ensino médio da escola São Caetano, será algumas oficinas sobre o elo entre a filosofia e a literatura. Mas o que a filosofia tem a ver com a Literatura?
Ambas fazem uso da linguagem para expressar algo. A diferença entre elas é que a filosofia tenta explicar um conceito, uma ideia e a literatura é uma narrativa que muitas vezes leva os seus interlocutores a refletirem sobre conceitos e ideias.
 Outra diferença entre elas é o como se lê uma obra filosófica e uma obra literária. Normalmente ao realizar uma leitura filosófica é preciso reler várias vezes o mesmo parágrafo, ler comentadores e depois voltar a reler o mesmo parágrafo. Já com obras literárias não se tem essa necessidade, mas isso não implica dizer que obras literárias são mais fáceis. Quando estudamos o que está nas entrelinhas do que está no texto há também um esforço homérico para não perder nenhum detalhe.
Platão, um grande filósofo da antiguidade se enquadraria perfeitamente tanto como literário como filósofo. Nietzsche com seus aforismos e poemas. Schiller, Rousseau, Camus e Sartre foram, além de filósofos, autores de romances. E do outro lado temos Thomas Mann e Machado de Assis. Isso quando não temos Nietzsche citando Fausto de Goethe, ou Hermann Hesse que faz uso das teorias de Jung para estruturar um personagem. Muitas reflexões filosóficas são feitas sobre a literatura, ou por um viés estético, ou por linguístico.
É necessário muita criatividade e um grande teor artístico para transformar conceitos filosóficos em obras literárias e da mesma forma o inverso, buscar os conceitos dentro de narrativas literárias.
As narrativas artísticas dos autores literários dão um gosto, um sabor a mais nas teorias filosóficas, tornando-as mais interessantes de certa forma, por tirarem aquela parte dos sistemas filosóficos que é cansativa para uma leitura. A busca da compreensão dos conceitos e a sua veracidade pode ser percebida na literatura. Já tentaram escrever uma narrativa com base na concepção de homem de algum filósofo? Ou tentaram ver qual a concepção de homem que há, por exemplo, na popular série de livros As Crônicas de Gelo e Fogo de George R. R. Martin? Ambas exigem um trabalho de igual dificuldade.
Quando usada a linguagem mais artística, cabe ao leitor realizar suas interpretações e deixar-se levar pelas ideias e sentimentos que existem ali, na obra. Já os sistemas filosóficos exigem um raciocínio mais lógico, que não se deixa levar por qualquer tipo de interpretação se não aquela que o autor permite.

Nenhum comentário:

Postar um comentário