1) Título da oficina: Descontruir a obviedade da vida: uma formação filosófica
EMENTA: Aqui está o mundo que conhecemos! Vasto, invencível, cruel, mas por vezes calmo, irrelevante, obsoleto. Esse mundo é o nosso, é o que estamos inseridos, é o que levantamos e damos sequência nos nossos projetos de existência, e cabe perguntar: qual o papel da filosofia nesse mundo? Não é um papel propriamente explicativo, mas urge indicar no cerne das questões fundamentais: esse mundo não é simples, as coisas não são óbvias. Desconstruir a obviedade da vida é o passo fundamental ao início do filosofar. A filosofia, qualquer que seja, pressupõe uma situação de crise de sentido da realidade. Sem crise de sentido, o mundo parece se encontra como explicado ou sem explicação alguma. A crise da realidade é o passo inicial da crítica filosófica. É o mergulho nas estruturas da realidade e é no esforço pela sua compreensão que constitui o início da filosofia. Ou seja, o filosofar significa, em linhas gerais, o questionamento radical da obviedade das estruturas que se pretendem
substituir à vida.
Glossário:
Obviedade: Caráter daquilo que não necessita de explicação, extremamente compreensível.
Filosofar: Tido na filosofia como o termo que traduz o movimento da filosofia em suas buscas pelo conhecimento.
Crise: Ruptura com algo consolidado dialeticamente, moralmente, socialmente, etc
BIBLIOGRAFIA:
PAVIANI, Jayme. Uma introdução à Filosofia. Caxias do Sul: Educs, 2014. 107 p.
SOUZA, Ricardo Timm de. Sobre a Construção do Sentido: o pensar e o agir entre a vida e a filosofia. São Paulo: Perspectiva, 2008. 107 p.
2) Título da oficina: Byung-Chul Han e o Animal Trabalhador
EMENTA: A partir do pensamento do filósofo coreano Byung-Chul Han, com seu trabalho com um rigor ético e sociológico atual, propõe uma visão do mundo do trabalho contemporâneo muito assertiva, de modo que ele vê o homem num ciclo de ser um "animal trabalhador", que vive a semana para chegar ao fim dela, em um ciclo vicioso e cego.
BIBLIOGRAFIA:
HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução Enio Paulo Giachini. 2. ed., Petrópolis: Vozes, 2017.
HAN, Byung-Chul. A salvação do Belo. Tradução de Enio Paulo Giachini. Petrópolis: Vozes, 2015.
HAN, Byung-Chul. A Agonia do Eros. Tradução Enio Paulo Giachini. 2.ed., Petrópolis: Vozes, 2017.
3) Título da oficina: Filosofia para quê? Existencialismo e liberdade nas escolhas da vida
EMENTA: A filosofia se faz presente ao entendermos e praticarmos o ponto de vista existencialista de nos definirmos através da escolha e, assim, nos possibilita administrarmos a angústia e a liberdade. Compreender a perspectiva existencialista gera a consciência da responsabilidade por si e pelo outro, necessária para o funcionamento harmonioso de nossa sociedade. Ao nos apropriarmos dessas reflexões possibilita que vivamos uma vida autêntica e consigamos lidar com as renúncias e escolhas racionais e, de forma crítica, nos constituindo como sujeitos autores da própria existência. Esta oficina irá instigar os principais conceitos do existencialismo e como eles se fazem úteis nas deliberações diárias que a vida nos demanda, e na constituição daquilo que somos.
BIBLIOGRAFIA:
SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2014
AKKARI, Abdeljalil; MESQUIDA, Peri; VALENÇA, Regina Berbetz. “Prolegômenos para uma prática educativa existencialista.” Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 4, n.9, p.115-120, maio/ago. 2003.
4) Título da oficina: Que formação queremos? Uma reflexão à luz da filosofia latino-americana
EMENTA: Nesta oficina, iremos abordar alguns dos principais temas de estudo da filosofia latino-americana. A América Latina é um continente extenso e diverso, o qual forma-se a partir da colonização e expropriação de terras, cultura e liberdade. Dessa forma, abordaremos em que aspectos tal histórico influencia na ética latino-americana atual e no que isso impacta a formação discente.
BIBLIOGRAFIA:
DUSSEL, E. Filosofia da libertação: crítica à ideologia da exclusão. São Paulo: Paulus, 2005.
DUSSEL, E. Para uma ética da Libertação Latino-Americana – Acesso ao ponto de partida da ética, vol I, São Paulo: Loyola/Unimep, 1977.
5) Título da oficina: Profissões na Era da Inteligência Artificial
EMENTA: Em um cenário em constante transformação, onde a IA está moldando a maneira como vivemos e trabalhamos, é essencial compreendermos as interações complexas entre a tecnologia, a ética e a criatividade humanas. As expectativas são de que a IA poderá substituir uma enorme quantidade de profissões que foram estabelecidas tanto historicamente quanto contemporaneamente, de uma maneira tão ampla que pode mudar o modo em que os seres humanos vivem, mas a partir disso, novas profissões também poderão surgir. Essa oficina se propõe a explorar o impacto das IAs nas profissões.
BIBLIOGRAFIA:
AUTOR, D. H. “Why are there still so many jobs? The history and future of workplace automation.” In Journal of Economic Perspectives, 29(3), (2015), 3-30.
BOSTROM, N. Superinteligênciae: caminhos, perigos e estratégias para um novo mundo. Oxford University Press, 2014.
6) Título da oficina: Mary Wollstonecraft e a educação como emancipadora
EMENTA: A oficina tem por objetivo refletir sobre os escritos pedagógicos e políticos da filósofa Mary Wollstonecraft que em sua obra destaca a igualdade racional entre os gêneros, colocando em foco que o sexo masculino possui a falsa impressão de superioridade pelo fato de não enfrentar os mesmos obstáculos sofridos pelo sexo feminino para o acesso ao desenvolvimento racional. A autora enfatiza que não há nada que sujeite a mulher a essa inferiorização injusta à qual foi submetida por milênios, que não há nada de natural nessa feminilidade imposta e construída historicamente. A feminilidade como um aspecto natural, também implica que a educação de homens e mulheres deve ser direcionada de forma diferente, por conferir os papéis e funções sociais como naturalmente diferentes em relação ao gênero. Sabemos que atualmente na educação formal não há distinção de gênero na formatação de currículos e conteúdos de aprendizagem. Mas podemos questionar se as condições sociais e políticas são enfrentadas de forma semelhante por ambos os gêneros e quais são as consequências de uma formação que acontece fora, para além do espaço escolar que ainda trata o sexo feminino como destinado/facilmente e submetido a tarefas e profissões de cuidado. E mesmo quando mulheres chegam até os espaços intelectuais geralmente precisam fazer muito mais do que os homens para serem reconhecidas como merecedoras de tal posição, enquanto o sexo masculino caminha facilmente para as carreiras intelectuais. Nesse sentido, propomos a reflexão sobre o aspecto da educação como emancipadora no caso das mulheres, não apenas pelo seu ponto de vista formal, mas também político.
BIBLIOGRAFIA:
HIRSCHMANN, N. J. Gender. Class & Freedom. New Jersey: Princeton University Press, 2008.
MIRANDA, A. R. Proto-feministas na Inglaterra setecentista: Mary Wollstonecraft, Mary Hays e Mary Robinson. Sociabilidade, subjetividade e escrita de mulheres. Tese (Doutorado em História) - Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2017. Disponível em: https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/49460, acessado em 23 de agosto de 2023.
MOTTA, I. P. A importância de ser Mary: Análise e Tradução da obra "Vindication of the Rights of Woman" de Mary Wollstonecraft. São Paulo: Annablume, 2009.
NUNES, S. B. M. O papel da razão na emancipação feminina: Mary Wollstonecraft e sua Reivindicação. Dissertação (Mestrado em Filosofia) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2021. Disponível em: https://repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/1162058, acessado em 23 de agosto de 2023.
RICHARDSON, A."Mary Wollstonecraft on Education". In: JOHNSON, C. L. The Cambridge Companion to Mary Wollstonecraft. Cambrigde: Cambrigde University Press, 2002. Cap. 3, p. 24-39.
WOLLSTONECRAFT, Mary. Reivindicação dos Direitos da Mulher. Tradução de Ivania Pocinho Motta. 1. ed. São Paulo: Boitempo Editorial, 2016.
7) Título da oficina: "Escolha" profissional: entre a vontade pessoal e as expectativas sociais
EMENTA: Explorar as complexidades envolvidas na escolha profissional, considerando o conflito entre as expectativas da sociedade utilitarista e a busca individual pela realização pessoal. Abordaremos a influência do utilitarismo, o impacto das tecnologias, a dinâmica do capitalismo de exploração e a busca incessante por bens de consumo na formação das escolhas profissionais contemporâneas. Além disso, discutiremos os desafios da sociedade de risco e do envelhecimento em relação às escolhas de carreira.
Objetivos:
(1) Compreender as complexidades e influências envolvidas na escolha profissional.
(2) Analisar o conflito entre as expectativas da sociedade utilitarista e a busca individual pela
realização pessoal.
(3) Explorar a influência do utilitarismo, das tecnologias, do capitalismo e do consumo nas
escolhas profissionais.
(4) Discutir os desafios da sociedade de risco e do envelhecimento na tomada de decisões de
carreira.
BIBLIOGRAFIA:
HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução Enio Paulo Giachini. 2. ed., Petrópolis: Vozes, 2017. Este livro explora a ideia de uma sociedade contemporânea marcada pelo excesso de trabalho, exaustão e busca incessante por produtividade, oferecendo uma perspectiva crítica sobre os impactos do capitalismo e da cultura do desempenho na escolha profissional e na identidade individual.
MILL, John Stuart. Utilitarismo: Introdução, tradução e notas de Pedro Galvão. Porto. Porto Editora, 2005. Nesta obra, Mill apresenta os princípios fundamentais do utilitarismo, enfocando a maximização do bem-estar geral como critério de ação moral. Exploraremos como essa abordagem influencia as percepções da sociedade sobre o valor das escolhas profissionais individuais.
MILL, John Stuart. A Liberdade/Utilitarismo. São Paulo: Martins Fontes. 2000. Mill discute a importância da liberdade individual como meio de garantir o desenvolvimento pessoal e social. Exploraremos como as noções de autodeterminação e escolha livre de interferências externas se relacionam com a busca de uma carreira que satisfaça tanto as aspirações individuais quanto os valores utilitaristas.
8) Título da oficina: Adaptando-se à velocidade da (in)formação
EMENTA: Sociedade da informação. Quarta revolução industrial. Alteração do paradigma sócio-econômico. A importância da formação permanente. Reflexões éticas sobre um mundo interconectado.
BIBLIOGRAFIA:
HALÉVY, Marc. A Era do Conhecimento: princípios e reflexões sobre a revolução noética no século XXI. São Paulo: Unesp, 2010.
LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência – o futuro do pensamento na era da informática, Rio de Janeiro: Editora 34, 2010.
__________. Cibercultura, Rio de Janeiro: Editora 34. 2014.
SCHWAB, Klaus. A Quarta Revolução Industrial. São Paulo: Edipro, 2016
9) Título da oficina: Autenticidade nas escolhas da vida: compreensão e finitude
EMENTA: Através da presente oficina, pretendemos trazer para a reflexão de jovens do ensino fundamental e médio, que se encontram em formação e planejamento de curso e planejamento de carreiras que tomarão nessa etapa de suas vidas, a também pensar sobre a autenticidade e construção de suas personalidades e suas narrativas de vida. Faremos isso pelo olhar do filósofo heideggeriano Ernildo Stein, sobre nossa compreensão de finitude e de onde está instaurado em nós o aspecto que nos evidencia, dado que também o sentido de nosso ser se significa no horizonte do tempo. Somos, em uma breve noção do filósofo Heidegger, seres para a morte, e os contornos que nossas escolhas e “narrativas de vida” fazem constituir sobre nós, está também fortemente agarrada ao tempo, tempo que temos, noção e compreensão de que em nossa finitude há o aspecto formativo que a nós cabe instaurar e concretizar. Pensar sobre nossas escolhas, caminhos e sobre quem somos nesse horizonte e quem queremos ser é o que se pretende com a presente oficina.
BIBLIOGRAFIA:
STEIN, Ernildo J. Compreensão e Finitude. Estrutura e Movimento da Interrogação
Heideggeriana. Editora Unijuí, 2008.
HEIDEGGER, Martin. Introdução à filosofia. 2 ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.
10) Título da oficina: Neoliberalismo e Educação: uma crítica a transformação do conhecimento em produto mercadológico
EMENTA: O debate sobre a formação humana no âmbito da educação tem uma relevância fundamental ao longo da história. Ao longo do tempo, foram diversos os modelos de educação e formação. Na Grécia antiga a formação era centrada na completude do cidadão, levando em consideração os aspectos físicos, éticos e intelectuais. Na Idade Média, a formação educacional tinha fortes laços com as instituições religiosas e seus valores morais. No Renascimento e no Iluminismo, a educação passa a enfatizar valores como: humanismo, artes clássicas, racionalidade e as ciências. Já no Século XIX com a Revolução Industrial e a afirmação do modelo capitalista de produção, a educação passa a ter características mais específicas para a formação de trabalhadores disciplinados, úteis e produtivos. A partir do Século XX outros modelos de educação surgiram. Valores como a democracia e os direitos humanos ganharam alguma ênfase, assim como as influências dos diversos teóricos que surgiram nesse período que, no entanto, ampliaram tanto o debate acerca do tema que houve uma pulverização de ideias. Atualmente a formação humana e a educação estão diante de diversos desafios, podemos citar a globalização, a revolução digital, a interculturalidade e as mudanças climáticas como pontos centrais nas mudanças sociais que afetam a maneira de formar e educar. É preciso nos aprofundarmos na compreensão das necessidades, valores e capacidades sociais e individuais, para preparação de cidadãos críticos, éticos e prontos para enfrentar os desafios complexos do mundo contemporâneo. Neste sentido, esta oficina tem como objetivo apresentar uma crítica acerca da mercantilização da educação na sociedade neoliberal, sobretudo na transformação do conhecimento em produto mercadológico. Para isso é preciso: 1) entender a lógica funcional do neoliberalismo, 2) apontar as influências e implicações na educação, 3) propor a superação do neoliberalismo através de um retorno à educação emancipadora. No início vamos compreender os fundamentos do neoliberalismo com doutrina social a partir de autores como Yuval Harari, Noam Chomsky, David Harvey e Guy Debord. A partir desta compreensão vamos buscar entender como o sistema neoliberal influência na formação humana e na estrutural educacional, nesta parte autores como Nuccio Ordine, Jean-François Lyotard e Christian Laval serão importantes. Na parte final da oficina será proposta uma reflexão sobre a educação atual e seus objetivos, buscando apresentar as ideias de István Meszáros, além dos conceitos de Colonialismo Digital e Valor de informação. Por fim, o esperado é ter uma oficina dinâmica, interativa e com amplo debate, para que possamos tentar responder: Que tipo de formação nós queremos?
BIBLIOGRAFIA:
CHOMSKY, Noam. O lucro ou as pessoas: neoliberalismo e a ordem global. São Paulo: Bertrand Brasil, 1999.
DEBORD, Guy. A sociedade do Espetáculo. São Paulo: E-books Brasil, 2003.
DANTAS, Marcos; MOURA, Denise; RAULINO, Gabriela; ORMAY, Larissa. Valor da Informação: de como o capital se apropria do trabalho social na era do espetáculo e da internet. São Paulo: Boitempo, 2022.
FAUSTINO, Deivison; LIPPOLDE, Walter. Colonialismo Digital: por uma crítica hacker-fanoniana. São Paulo: Boitempo, 2023.
HARARI, Yuval Noah. Sapiens: uma breve história da humanidade. 47. ed. Tradução: Janaína Marcoantonio. Porto Alegre: L&pm Editores, 2019.
HARVEY, David. O neoliberalismo: histórias e implicações. 2. ed. Tradução: Adail Sobral; Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Edições Loyola, 2011.
LAVAL, Christian. A escola não é uma empresa: o neoliberalismo em ataque ao ensino público. São Paulo: Boitempo, 2019.
LYOTARD, Jean-François. A condição pós-moderna. 12. ed. Tradução: Ricardo Correa Barbosa. Rio de Janeiro: Jose Olympio Editora, 2009.
MESZÁROS, István. A educação para além do capital. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2008.
ORDINE, Nuccio. A utilidade do inútil. Tradução de: Luiz Carlos Bombassaro. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.
11) Título da oficina: Educação para a Paz
EMENTA: Nós seres humanos podemos edificar em nossa sociedade uma cultura de paz? Ou será que não temos muitas saídas e fatalmente devemos conviver com situações onde cada um acaba fazendo uso da violência como o meio mais “plausível” para resolver seus possíveis dilemas nas suas relações sociais. De fato, observamos que a violência acontece em múltiplos âmbitos da sociedade e de várias formas, ela pode ser tanto física como também simbólica e estrutural, acontecendo tantas vezes até de um modo silencioso. Entendemos, contudo, que o ser humano pode e deve consolidar competências para organizar as suas relações de forma pacífica, gerando mecanismos e estruturas que favoreçam uma cultura de paz. Nesse sentido, a partir da consciência crítica, observando a barbárie da violência, acreditamos que a partir de um esforço multidisciplinar e multicultural na construção da paz social, o pensamento filosófico também pode contribuir para a edificação da paz. A cultura da paz se torna um dever e exige uma busca criteriosa acerca de seus fundamentos, pressupostos e objetivos, constituindo-se, por conseguinte, como uma verdadeira ciência da paz. No horizonte filosófico, entendemos que paz é um processo progressivo, não um conceito estático.
BIBLIOGRAFIA:
GUIMARÃES, Marcelo Rezende. Educação para a paz, sentidos e dilemas. Caxias do Sul: EDUCS, 2005.
HABERMAS. Jürgen. A Inclusão do outro: estudos de teoria política. São Paulo: Edições Loyola, 2004.
KANT, Immanuel. À paz perpétua e outros opúsculos. Tradução de Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 1995.
12) Título da oficina: Filosofia na literatura
EMENTA: Toda vida humana é uma narrativa. Não parece exagero dizer que todos nós, cada um à sua maneira, construímos todos os dias a história de nossas vidas. Seja indo em busca ou fugindo de quem somos ou desejamos ser, viver significa escrever e narrar, aos outros e a nós mesmos, o enredo de nossa existência. Mas será que o enredo de nossa vida é inteiramente inédito? Será verdade que, ao inventarmos nossas vidas, fundamos todo um universo completamente novo? Ou seria mais interessante imaginar que nossa forma única de amar e de narrar nossas histórias de amor é repleta de referências a toda uma imensa biblioteca de enredos e argumentos pelo "sim" e pelo "não" do amor, do ódio, do ciúme, do desejo, como uma árvore cujo fruto sempre novo e inédito traz a polpa plena de tudo que veio antes dele e que manteve aquela árvore viva e frutífera? Se isso é verdade, ou seja, se viver significa criar narrativas e se as ficções já escritas ao longo da história alimentam esse processo criativo, então, temos um bom motivo para acreditar que a literatura é muito mais íntima da vida cotidiana do que se poderia supor à primeira vista. Alguém, ainda assim, poderia perguntar, sobre o resto, sobre aquele pedaço da vida que não se sobra ao molde da escolha e da invenção. Alguém, numa pergunta direta, poderia querer saber: o que fazer com aquela parte da história que não pode ser inventada, aquela que simplesmente existe? Essa parte, que poderíamos chamar de "onde nascemos", "filhos de quem", "em qual contexto socioeconômico", "em qual período da história da humanidade", etc. , essa realmente não pode ser objetivamente inventada. Ainda assim, não haveria, mesmo sobre essas coisas tão determinadas, algo que dependa de nós? Bem, o simples fato de essa pergunta ser possível parece um indicativo de que sim, algo está em nosso poder. O que será, então, esse "algo"? É possível, sem dúvida, deixar para lá e não gastar tempo com a questão, é claro. Isso, afinal, está sempre ao nosso alcance. No entanto, para alguém que pretende ser autor da própria vida, isso parece pouco. Mas então o quê? O que fazer com a parte que não pode ser inventada? A melhor dentre todas as coisas possíveis ainda parece ser investigar, analisar e compreendê-la. E, para isso, por que não nos servimos de algo que existe somente para isso, quer dizer, que existe apenas porque existe a necessidade de pensar a vida? Por que não fazermos da filosofia a responsável por nos oferecer o que precisamos para pensar a vida? Por que não fazermos da filosofia a responsável por nos oferecer o que precisamos para pensar e compreender o determinado da mesma forma que tomamos da literatura as sementes para plantar e dar vida ao que não se determina? Pensando dessa forma, tanto a filosofia quanto a literatura fazem parte do processo de criação de uma vida autêntica, da qual cada vivente se converte em autor no mais alto grau. O que faltaria saber, no entanto, é como essas duas disciplinas se relacionam entre si no dia a dia de uma vida autêntica. E é para isso que essa oficina foi criada, para pensarmos e entendermos juntos como a filosofia e a literatura, em conjunto, podem tornar a vida mais interessante, complexa e seguir por um sentido próprio.
BIBLIOGRAFIA:
FAUST, Daiane Cristina. Filosofia e Literatura: como pensar o encontro? (Dissertação defendida no PPG em Educação/UFRGS, 2015) Acesso: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/131062/000979693.pdf?sequence=1&isAllowed=y
VASCONCELOS, Daniel Paiva. Literatura, Filosofia e Ciência: Esquinas. (Dissertação defendida no PPG em Letras: Estudos Literários/UFJF, 2019) Acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/123456789/10180
13) Título da oficina: Angústia e frustração: incertezas sobre o futuro
EMENTA: Estudo do conceito de angústia, as frustrações da modernidade e os receios em relação ao futuro, tratando sobre a pressão psicológica imposta a escolha precoce em relação ao futuro. Refletir sobre as possíveis respostas à pergunta: o que me faz feliz?
BIBLIOGRAFIA:
ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. 2. ed., Brasília: UnB, 1992.
CAMUS, Albert. O mito de Sísifo: ensaio sobre o absurdo : com um estudo sobre Franz Kafka/ Albert Camus. Lisboa: Livros do Brasil, [19--].
KIERKEGAARD, Soren. O conceito de angústia. 3. Ed., São Paulo: Vozes, 2015.
SARTRE, Jean-Paul. A náusea. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
14) Título da oficina: Decisões políticas e democracia
EMENTA: Como decisões políticas são tomadas? Como justificar decisões políticas que favorecem alguns e desfavorecem a outros? Como equilibrar interesses na hora de tomar decisões democráticas? Quando tratamos de democracia parece óbvio sobre o que estamos falando, mas não é tão simples porque existem muitas dificuldades para definir quem é o povo e muito mais dificuldades para afirmar qual é a vontade do povo. Além disso, existem muitas complexidades, no geral desconhecidas pelos cidadãos, que envolvem uma decisão política. Existem interesses em jogo, tanto por parte dos eleitores quanto por parte dos atores políticos que colocam uma série de dificuldades para encontrar a “melhor” decisão. Por isso a ideia da nossa oficina é problematizar a democracia e identificar possíveis critérios que nos ajudem a avaliar a tomada de decisão política.
BIBLIOGRAFIA:
WERLE, D. L.; MELO, R. S. (orgs). Democracia deliberativa. São Paulo: Editora Singular, Esfera Pública, 2007.
MANIN, B; PRZEWORSKI, A; STOKES, S. Eleições e representação. In: Lua Nova, São Paulo, v. 67, pp. 105-138, 2006.
MOUFFE, Chantal. El retorno de lo político. Comunidad, ciudadanía, pluralismo, democracia radical. Barcelona: Ediciones Paidós Ibérica, 1999.