Devido
ao fato da vida humana ser uma questão complexa muito se diz acerca dela, tal como
deve ser empreendida, os melhores caminhos, as melhores fruições, os melhores
prazeres, o trabalho perfeito, se a razão ou a emoção é a melhor, a
aposentadoria desejada (agora não mais com o desgoverno Temer). Todavia, cabe
indagar qual a vida que vale a pena ser vivida? E nesse sentido será que existe
apenas um modelo de vida perfeito que sirva como referência universal, em outra
medida, a vida se constrói como uma obra de arte, de tal modo que a regra deste
modo de existir é justamente o fato de não ter regras a priori, isto é, antes da experiência ou da vivência. Embora, à
medida que o sujeito vai se constituindo certamente irá formular preceitos que
o guiem na sua conduta, entretanto, não são rígidos e imutáveis.
Em
tudo que se pode viver são dois os aspectos centrais que nos fazem deliberar em
relação às coisas, a saber, a quantidade e a qualidade. Se o sujeito optar pelo
quesito da qualidade provavelmente estará fazendo uso de coisas mais refinadas,
difíceis de encontrar, a justa medida. Outrossim, se decidir pela quantidade
estará abarcando em sua decisão mais elementos como o tempo de duração, o número
de envolvidos. Conquanto, será possível uma justaposição entre ambos os
aspectos ou são irreconciliáveis? Duas correntes filosóficas antigas são
responsáveis por discutirem intensamente no que tange esses dois aspectos, a
saber, o estoicismo e o epicurismo.
O estoicismo valoriza
mais a atividade racional, e, por conseguinte, o pensamento, o raciocínio, em
suma a qualidade de qualquer preceito a ser vivido. Entre os adeptos temos Sêneca,
Cícero, por exemplo. Por sua vez, o epicurismo preza mais pela quantidade das
possíveis ocupações, claro que isso não significa necessariamente desmesura ou
excesso de uma ação, uma vez que se pode usufruir de várias coisas em grandes
quantidades de modo equilibrado. Em outras palavras o epicurismo afirma que se
deve garantir o que está ao seu alcance naquele momento, e, assim aproveitado, também
conhecido de outra forma num ditado popular quando diz que “mais vale um
pássaro na mão do que dois voando”. São adeptos Epicuro, por exemplo. Já o
estoicismo ruma a uma vida mais contemplativa e ligada as questões relativas à alma,
no caso de o ser humano ter dado o “azar” de vir ao mundo, cabe agora fazer da
sua existência uma obra de arte, conforme a sua potência de vida, e, nesse
ínterim, o seu melhor de acordo com o que ele é, e poderá vir a ser.
“Aprender a viver a vida inteira” é
um preceito importante na filosofia antiga, e cada qual a sua forma é o que
buscam tanto o epicurismo quanto o estoicismo, bem verdade que um pela via da
qualidade e outro quantidade, no entanto, talvez seja possível uma justaposição
entre ambos de acordo com a ideia de que em certos momentos vale mais a
quantidade das ações, por sua vez em outras ocasiões a qualidade delas. Isso
desde que a sabedoria seja tamanha e consiga agir bem de acordo com o contexto.
O fato é que a discussão de um tema como esse é longa, assim como a vida.
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