domingo, 25 de setembro de 2016

Queria falar sobre as Olimpíadas, mas...

São quatro horas da manhã e não durmo. Não durmo porque de novo preciso parar de me focar em meus estudos e temer minha escolha profissional. Após a IX Etapa Regional da Olimpíada de Filosofia queria escrever uma notícia sobre uma colega bolsista que neste evento se viu realizada ao ministrar uma oficina. Poderia também, falar sobre uma professora que se sentiu revigorada ao praticar o mesmo ato ou sobre meus demais colegas que tiveram suas primeiras experiências em salas de aulas. Entretanto me é urgente falar sobre as medidas que por hora se apresentam do atual governo.
Começo por me sentir mal, sinto-me um estúpido. Sinto que estou perdendo meu tempo tentando conseguir um diploma de licenciatura em filosofia. Querer ser professor hoje em dia já é algo de extraordinário, ao meu ver, uma vez que a sociedade não os leva a sério. Ver que o Governo os trata com tal desrespeito é massante, é preocupante e a mim entristece. Tive que me preocupar e lutar para que o PIBID se mante-se neste formato. Tive que fazer o mesmo para não ver a profissão do professor não ser criminalizada pela proposta de lei chamada “escola sem partido”. Tenho em minha cerne que essas batalhas ainda não terminaram.
Então ler que “profissionais com notório saber” estão aptos a darem aula, foi ler que qualquer um que se diga conhecedor de tal área está pronto para a sala de aula. Mas imagino (sendo a pessoa mais otimista que consigo ser) que esta medida é apenas para que qualquer professor esteja como apto a dar uma matéria que seja da mesma área que a de sua formação. Sabendo que não sou nada otimista, sei que não se tem incentivo para a carreira de professor, e essas medidas mostram que não teremos novos incentivos. Lecionar gera uma demanda de estudos enorme, seja em qualquer área, matéria ou conteúdo, institucionalizar que sem um real preparo eu não só poderei, mas também “deverei” (caso contratado) dar outras matérias que me vão custar uma demanda de estudos muito maior daquelas que já tive na minha própria área é inquietante. É ver que aquele que estuda hoje na universidade pode não ser contratado amanhã, pois haverá um professor de outra matéria lecionando o que ele gostaria de lecionar.
Buscar mais notícias e ler que foi só um “erro” de versão da MP não me alivia muito. Quando se deveria ter o foco em atrair cada vez mais os bons profissionais para a área da educação. As medidas que partem de cima, não conhecem como é estar lá em baixo. Parecem não estar ciente das salas de aulas lotadas. Parece que não houve um diálogo, ou ao menos um estudo que guiasse estas medidas. Parece que a educação no Brasil está fadada a ser apenas mais um gasto para os cofres públicos.

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