sexta-feira, 17 de abril de 2015

A Filosofia da Diferença: Alguns desafios à educação segundo Silvio Gallo

A Filosofia da Diferença:
Alguns desafios à educação segundo Silvio Gallo
Por: Rodrigo Souza da Silva

No último dia 10 de abril (sexta-feira) ocorreu um encontro entre a sociedade acadêmica em torno de um debate promovido pelo dr.  Silvio Donizetti de Oliveira Gallo que promoveu a discussão acerca dos desafios que a atual educação enfrenta e a importância do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) à formação nas escolas.


Influenciado por pensadores como Nietzsche, Foucault, Derrida e Jacques Rancière, Gallo apresentou inicialmente uma contextualização histórica do ensino e educação no país, bem como a ligação da forma de educar com um meio de propor uma cidadania no qual chamou de “Governamentalidade Democrática” (termo cunhado por Foucault). Seria uma espécie de:


Remetendo a questões pertinentes ao âmbito educacional, Gallo problematizou de que forma ocorre o processo de transmissão dos saberes e a preparação dos professores para a docência que acontece por meio de relações assimétricas bem como um encontro com o termo proposto por Jacques Rancière em “O Mestre Ignorante”:  uma “Sociedade Pedagogizada”.
Além disso, o mestre que muito explica, detentor e transferidor de conhecimento, é aquele que “embrutece” seu aluno. O professor, portanto, precisa ser um mediador, construindo um processo educativo que faça mais sentido para os alunos, de modo que a sociedade está sempre se alterando, promovendo novas tecnologias e a educação deve acompanhar estas evoluções alcançando patamares educacionais por excelência capazes de emancipar seus estudantes. Neste aspecto, Gallo nos remeteu à seguinte questão: “O que significa aprender? ”
Prof. Marcelo Rossatto, à esquerda, Pró-Reitor Acadêmico
da UCS, saudando o palestrante. À direita o Prof. Silvio Gallo.
Muitas vezes, o professor ao propor um aprendizado ao aluno, procura encaminhá-lo por certas vias que, muitas vezes não são as que os alunos tomam, para ilustrar esta explicação, foi-se utilizado um trecho de Clarice Linspector de O Livro dos Prazeres: “Aprendo contigo, mas você pensa que eu aprendi com tuas lições, pois não foi, aprendi o que você nem sonhava em me ensinar”. Este ponto nos apresenta o problema de que será que o que ensino, é compreendido da forma que eu procurei expressar? Ou ainda, o que demonstrei e busquei ensinar, já não mais pertence ao meu domínio, mas sim ao domínio e entendimento que o outro buscou interpretar, então, o que ele fará com esse saber? Ao se tratar destas questões, o certo é que, para o aluno conseguir compreender algo, indiferente de que interpretação ele venha a ter, primeiramente é necessário que haja uma abertura de troca de informações bem como sua presença intelectual diante do diálogo professor/aluno. Essa troca de informações ocorre por meio da relação entre aprendiz e os signos. Além disso aprendemos quando somos mobilizados por problemas a refletir e tais problemas devem ser entraves que o próprio aluno encontre pelo caminho e não proposto pelo professor, pois a problematização proposta por um docente é falsa e ocasiona na falibilidade da mesma. É um acontecimento que pode se transformar em um vetor de busca por conhecimento.
O aprender é um momento, um acontecimento de passagem viva do não –saber ao saber. É o resultado do encontro entre professor, signos e aprendiz. O ensinar é um jogo de emissão de signos sem que tenhamos controle de que forma esses signos serão recebidos, nem do que será feito com eles. E, neste processo ensino/ aprendizagem, o importante é o percurso construído através de signos e interação do aprendiz, e não o ponto de chegada deste aprendiz, que é algo que foge do domínio do professor.

Finalizando, diante deste panorama, Silvio Gallo expôs que a academia deve formar profissionais que transmitam os saberes produzidos pela área, formar para o processo criativo, oportunizando os espaços vazios (espaços da ignorância de Rancière) à invenção do novo.

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