terça-feira, 30 de junho de 2009

Café Filosófico Ensino Médio

Olá a todos!

Gostaria de relatar uma experiência sensacional que tive com alunos do ensino médio no último dia 20/06/09.

Realizamos na escola Edificare um Café Filosófico com esses estudantes e foi espetacular.

Eram duas turmas, sendo uma delas a minha.

Num primeiro momento houve a apresentação dos estudantes da outra turma. Eles apresentaram análises de três diferentes filmes: Homens de Honra, O Último Samurai e O Presente.

No segundo momento minha turma, dividida em cinco pequenos grupos, apresentou:

Grupo 1: Análise de dois poemas: "Eu, etiqueta" de Carlos Drummond de Andrade e "Clarissa Fantástica" de Camila Gobbi (poetisa caxiense). Este grupo fez um boneco,cujo corpo estava, de um lado, completamente coberto das mais diversas marcas, desde Nike até Lilica Ripilica, e do outro lado coberto por símbolos das mais diversas artes: cinema, literatura, música etc. O boneco tinha como finalidade ilustrar o que diziam os poemas. O de Drummond falava sobre o quanto o ser humano perdeu-se de si mesmo ao se deixar absorver pelo consumismo. O da poetisa caxiense falava sobre uma menina de quem sempre foi exigido e esperado o melhor, nunca respeitando suas escolhas e decisões até o momento em que ela fez a única escolha que lhe era possível, o suícidio, aos 20 anos. Muito interessante. Depois eles distribuíram um bolo. Em cada fata do bolo havia uma etiqueta afizada, com diferentes marcas. Enquanto servia, o grupo propôs que cada um escolhesse a marca com a qual mais se identificava. feito isso eles colocaram a questão de que existem grifes até mesmo para comida. Foi muito legal!


Grupo 2: O segundo grupo fez uma análise do texto de Bertold Brech, "Se os tubarões fossem homens". Fizeram um cartaz com gravuras dos "tubarões" espalhados pelo mundo todo (Hitler, políticos, líderes religiosos etc) e, no outro lado, os peixinhos e as grandes festas promovidas pelos tubarões, como carnaval, copa do mundo etc. Foi bastante interessante a análise proposta por eles.

Grupo 3:
O terceiro grupo fez uma análise de uma fábula de Monteiro Lobato, "O velho, o menino e a mulinha" e abordaram a questão das escolhas que nos acompanham ao longo da vida, e mais, se somos realmente nós que escolhemos as coisas, como escolhemos, como essas escolhas nos influenciam etc. Foi muito bacana. Depois eles ofereceram bolo também. Cada fatia de bolo tinha uma bandeirinha afixada, contendo uma "sugestão" de determinada escolha: por exemplo: "leia Caras", "compre o jornal", "Beba Red Bull", "Fume Free", etc. E depois comentaram sobre isso.

Grupo 4: O quarto grupo fez uma análise da música "O meu país" de Zé Ramalho. A música, por si só, já é uma crítica interessantíssma. Eles fizeram um cartaz lindo com o título que deram para o trabalho "Brasil um país sem vergonha!?". Iniciaram comentando a ambiguidade presente no título da música e o motivo pelo qual escolheram essa música. Depois de realizarem a análise, mostraram dois cartazes lindos que fizeram mostrando os dois "brasis" existentes, o Brasil da opulência e iniquidade, e o Brasil da miséria e da falta de direitos. Para finalizar o trabalho elas colocaram um nariz vermelho de palhaço, enfeitado com as cores e a estrela do Brasil e distribuíram "narizes de palhaço do Brasil" para a platéia.

Grupo 5: E o quinto grupo foi a análise do filme "O Show de Truman", num contraponto com a Alegoria da Caverna de Platão. O detalhe que tornou esse grupo especial foi o fato de ser apresentado por um único aluno. Os dois companheiros dele não estavam presentes e, mesmo assim, ele fez uma análise interessantíssima do filme, contrapondo com a realidade a qual vivemos. Ele deixou o filme rodar atrás de si enquanto ia relatando passagens importantes do filme e fazendo a análise.Conforme cenas cruciais iam aparecendo ele ia comentando-as e contrapondo-as com a realidade. Ele trouxe ainda, uma imagem do rosto de Trumam Burbank (o protagonista do filme) que, se olhada de perto, mostrava diversas imagens do filme. Além disso ele trouxe a imagem do final do filme, quando Truman decide realmente abrir mão da realidade a qual estava imerso. Foi um excelente trabalho.

Sei que o relato está longo, porém quis demonstrar que, nos menores detalhes foi possível perceber o empenho, a dedicação, o cuidado e, mais que isso, o prazer com o qual esses jovens realizaram a atividade proposta.

Eles comprovaram que é possível a nós, educadores, despertar nos jovens o amor pela filosofia e pelo próprio ato de filosofar, bastando para isso que acreditemos realmente no potencial que possuem. E, mais que isso, que os deixemos livres e confiantes para que possam se expressar. Foi realmente uma experiência muito gratificante para mim e me sinto agradecida por ter tido a oportunidade de lecionar para esses estudantes.

Senti um imenso orgulho deles e do trabalho que realizaram!


Abaixo estão algumas fotos.


















3 comentários:

  1. Penso que foi uma ótima expreriência para os alunos.Pode-se perceber o quanto eles desenvolveram além de uma oratória em público,uma outra forma de poder analisar as situações de seu cotidiano.Também puderam perceber o quanto a filosofia é importante e pode proporcionar um conhecimento que não são todos que o desenvolvem.Os alunos estão de parabéns e com certeza os professores também por terem iniciado essa atividade.

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  2. A Paulinha era uma das minhas alunas... E o trabalho desse grupo foi ótimo!

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  3. Assim como a Paulinha deixou seu depoimento, eu gostaria muito de ler também o que outros estudantes que participaram tem a dizer sobre a experiência do Café Filosófico.

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